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Universidades do Paraná lançam campanha contra o racismo

O projeto é promovido pela Unesco e, na UEPG, as ações da Prae são promovidas pela Diretoria de Ações Afirmativas e Diversidade (DAAD) e têm apoio do Núcleo de Relações Étnico-Raciais, Gênero e Sexualidade (Nuregs) e do Coletivo de Estudos e Ações Indígenas (Ceai)

O evento completo pode ser visto no canal do YouTube da UEPG. Foto: Divulgação

Uma data histórica. Na noite desta quinta-feira (9), a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), por meio da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (Prae), lançou a campanha ‘Universidades Estaduais do Paraná na Luta Contra o Racismo’, juntamente com as seis Universidades Estaduais do Paraná.


O evento foi transmitido no canal oficial da UEPG no YouTube. O projeto é promovido pela Unesco e, na UEPG, as ações da Prae são promovidas pela Diretoria de Ações Afirmativas e Diversidade (DAAD) e têm apoio do Núcleo de Relações Étnico-Raciais, Gênero e Sexualidade (Nuregs) e do Coletivo de Estudos e Ações Indígenas (Ceai).


“Fiquei tentando pensar, para iniciar o nosso evento, quando é que eu me dei conta de que era negra e quando eu passei a ser militante das causas raciais e negras”, diz Ione Jovino, pró-reitora de Assuntos Estudantis, no início de sua fala. Ao pensar sobre o assunto, Ione diz não conseguir determinar o momento, como algumas pessoas conseguem com clareza. “Então estou definindo que sou negra desde sempre e talvez com 6 anos de idade já tivesse uma consciência racial estabelecida”, enfatiza. Ione relembra seu período escolar, quando percebeu as diferenças raciais que eram utilizadas para inferiorização sua, de colegas e parentes. “Acredito que sou militante desde o ambiente escolar, no momento que levantei pela primeira vez a voz para dizer que aquilo estava errado. Eu dizia ‘Você está fazendo isso comigo porque sou negra, por que não faz isso com outro alunos que são brancos?'”, relembra.


Para Ione, ser militante das causas raciais e negras é importante, também, porque responde por uma pró-reitoria na UEPG. “Em vários eventos que já fui, disse que o professor Miguel [reitor da UEPG] é muito corajoso por criar uma instância que se preocupa exclusivamente com alunos como pessoas, seres humanos que precisam entrar, permanecer e sair com o mínimo de sucesso possível”, salienta. A pró-reitora finaliza a fala ressaltando o trabalho da Diretoria de Ações Afirmativas e Diversidade na Prae. “Eu acredito que é preciso coragem colocar uma ativista militante num cargo desse. Me sinto feliz nessa parceria, retomando a criança e a adolescente que fui, reclamando com as professoras quando me sentia diminuída. Combater isso no ensino superior é uma honra sem tamanho”.


Emocionado com o depoimento de Ione, o reitor da UEPG, professor Miguel Sanches Neto, destacou o trabalho da pró-reitora. “Depoimento muito bonito, de quem passou por muitas dificuldades e hoje é uma referência para nossa Universidade, ocupando de maneira legítima e extremamente capacitada esse cargo tão importante e de maneira tão simbólica”, diz. Para o reitor, erradicar o racismo em todas as instâncias é uma tarefa de cidadania, de democracia e de todo ser que é de fato ser humano. “Criar oportunidades, principalmente para grupos que sofrem preconceito dentro da nossa sociedade, é nosso dever enquanto sociedade”, explica.

“Mas não basta só falar em erradicar o racismo e manter as Universidades pouco inclusivas. A melhor maneira de se erradicar o racismo é abrir as Universidades para a diversidade, tornando mais coloridas, mais plurais e mais inclusivas”, fala do reitor Miguel Sanches Neto. Foto: Divulgação

Miguel explica que novas gerações estão surgindo com outras percepções sobre a sociedade. “Mas não basta só falar em erradicar o racismo e manter as Universidades pouco inclusivas. A melhor maneira de se erradicar o racismo é abrir as Universidades para a diversidade, tornando mais coloridas, mais plurais e mais inclusivas”, ressalta. Segundo o reitor, a UEPG tem uma larga atuação na questão cotista. “Estamos já na segunda avaliação da nossa política de cota e queremos avançar. Temos equipes que estão fazendo a discussão para que possamos ampliar o ingresso e também a permanência”.


Miguel parabenizou Universidades Estaduais pela trajetória e qualidade. “Tenho certeza de que esse evento marca uma união, um trabalho em rede, que permitirá que outras Universidades do Paraná possam entrar nessa rede e ampliar a discussão, a partir do convênio da Cátedra da Unesco”.


A mesa de abertura também contou com Delton Aparecido Felipe, diretor da Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as (ABPN) e professor da Universidade Estadual de Maringá (UEM). Para além de saudar as iniciativa das Universidades, Dalton falou da importância de se construir estratégias de combate ao racismo. “A Universidade é um espaço de produção de conhecimento e de construção de representatividade. Estou muito feliz por saber que boa parte das Universidades paranaenses já têm cota para a população negra no ingresso aos cursos superiores e nos programas de pós-graduação”, enfatiza.


O professor destaca que é fundamental a estratégia de inserir a população negra nas Universidades, o que torna a instituição mais aberta à diversidade e mais próxima do que é a sociedade. “Para além de construir políticas de acesso, é fundamental que a Universidade pense também em políticas de permanência e de sucesso”. Dalton salienta que as mudanças precisam ser inclusivas não apenas para seu corpo discente, mas também no corpo docente. “A Universidade é um espaço fundamental para a construção de uma sociedade igualitária, para que o conhecimento da população negra habite os espaços universitários e, assim, a gente fortaleça a nossa democracia”, completa.


Ao final da mesa de abertura, o evento abriu para uma roda de conversa entre os representantes das sete Universidades, que apresentaram políticas e projetos voltados à questão racial. Aparecida de Jesus Ferreira, coordenadora do Núcleo de Relações Étnico-Raciais, Gênero e Sexualidade (Nuregs) representou a UEPG. “Buscamos congregar professores e acadêmicos interessados em discutir questões de raça, gênero e sexualidade, para discussão de propostas pedagógicas que auxiliem na implementação de politicas públicas no ambiente escolar”, explica. A UEPG foi uma das primeiras Universidades a implementar cotas na pós-graduação no Brasil – no Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem, em 2012. “A criação do Nuregs não só reflete o oferecimento de novas possibilidades nas áreas de ensino, pesquisa e extensão, mas também também desenvolve pesquisas junto ao Departamento de Estudos da Linguagem, considerando as necessidades dos nossos orientandos em desenvolver pesquisas que se relacionam às temáticas do Núcleo”, finaliza.


O evento completo pode ser visto no canal do YouTube da UEPG, pelo link.

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