O projeto iniciou após reunião com a reitoria, na última quinta-feira (06), e terá parceria de pesquisadores de Universidades do Peru e Argentina
A (in)segurança alimentar de estudantes da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Este é o tema da nova pesquisa promovida pelo Núcleo de Pesquisa de Pesquisa Questão Ambiental, Gênero e Condição de Pobreza, pertencente ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais Aplicadas. O projeto iniciou após reunião com a reitoria, na última quinta-feira (06), e terá parceria de pesquisadores de Universidades do Peru e Argentina.
De acordo com a professora Mirna de Lima Medeiros, a pesquisa terá foco na (in)segurança alimentar dos universitários e os efeitos das políticas e bolsas de permanência. “A ideia partiu de um dos grupos de trabalho do evento que realizamos, o 1º Simpósio Interamericano Perspectivas sobre Alimentação”, descreve. Durante a apresentação de trabalhos, estudantes argentinos apresentaram uma investigação que realizaram com seus estudantes. “A partir da discussão desse grupo, veio a proposta de um estudo na UEPG”, conta.
Professores e pesquisadores do Núcleo estão elaborando instrumentos de coleta de dados, utilizando parâmetros nacionais, como Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (Ebia); e internacionais, como a da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). “A Universidades parceiras também farão pesquisas com seus alunos e poderemos comparar nossa realidade com a dos nossos vizinhos”, salienta Mirna. A aplicação aos estudantes da UEPG deve ocorrer no início de 2023, com apoio das pró-reitorias e coordenação dos cursos.
A pesquisa será coordenada pela professora Augusta Pelinski Raiher, em parceria com o Nucleo de Investigacion en Alimentacion y Nutricion Publica, da Universidad Nacional Mayor de San Marcos (Peru); e projeto de pesquisa Agricultura Urbana y Cuidados Integrales de la Salud: articulación de saberes de la comunidad y de la Universidad para la identificación y fortalecimiento de las estrategias de prevención, promoción y educación para la salud, da Universidad Nacional De Lanús (Argentina). “Vamos mensurar a segurança alimentar dos acadêmicos, tanto da UEPG, como do Peru e Argentina, usando a mesma metodologia”, informa Augusta. O estudo terá foco especial nos estudantes em vulnerabilidade social.
A partir dos resultados das avaliações, o Núcleo pretende analisar quais possíveis medidas podem ser efetivadas para mitigar a condição de insegurança alimentar dos estudantes. “Isso acontece tendo em vista que a UEPG já se adiantou e implantou a política de cotas e está incluindo acadêmicos mais vulneráveis socialmente na Universidade”. Augusta aponta que a entrada na Universidade não modifica a condição social do aluno de imediato. “A formação universitária vai romper o círculo vicioso da pobreza lá na frente, com a formação e melhores oportunidades, porém, os trabalhos acadêmicos demonstram que essa vulnerabilidade pode prejudicar o aprendizado do aluno e principalmente a permanência dele na instituição”, adverte.
Além do caráter social, a pesquisa também tem o objetivo de contribuir com a literatura sobre insegurança alimentar nas Universidades. “São raros os trabalhos que analisam esse foco. O mais importante é fazer esse diagnóstico nas Universidades e, a partir disso, pensar em medidas efetivas para enfrentar e mitigar essa vulnerabilidade social e alimentar dos estudantes, com vistas na permanência e efetivo ganho de aprendizagem, ou seja, em oferecer condições mais próximos para todos”, completa Augusta.
O Núcleo existe há quase 20 anos na UEPG e conta com professores e acadêmicos de Serviço Social, Direito, Economia e Turismo. De acordo com a professora Édina Schimanski, os participantes têm trabalhado nos últimos anos com a temática da fome. “A última pesquisa que o Núcleo fez, com pessoas vulneráveis em Ponta Grossa, trouxe dados importantes na questão da insegurança alimentar, os quais serviram como subsídio para proposição de políticas públicas”, explica.
Édina aponta que a pesquisa pode trazer subsídios pra a Universidade, em termos de compreensão, análise e proposição de políticas sobre insegurança ou segurança alimentar. “Essa é uma temática bem importante, porque a pesquisa pode trazer dados bem significativos em relação a um mapeamento das condições sociais econômicas dos discentes da UEPG, assim a Universidade pode ter um panorama completo da condição social dos seus acadêmicos”, finaliza.
Da Assessoria
Comments