Série "Adolescência" da Netflix provoca debate com estrutura ousada e desfecho impactante
- culturacaopg
- há 3 minutos
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Com apenas alguns dias desde sua estreia, a minissérie britânica Adolescência já ocupa o topo do ranking da Netflix, chamando atenção não apenas por seu tema controverso — um crime envolvendo um garoto de 13 anos —, mas também pela sua técnica narrativa singular: de acordo com a equipe, todos os episódios são gravados em plano-sequência real, ou seja, sem cortes, em uma única tomada contínua.
Criada e estrelada por Stephen Graham, a produção acompanha o drama de uma família abalada por um assassinato brutal em sua comunidade. A história é ficcional, mas, segundo Graham, foi inspirada em experiências reais vividas por ele durante a juventude na Europa, especialmente no que diz respeito à violência juvenil, desestrutura familiar e a influência das redes sociais em casos criminais.
Quem cometeu o assassinato?
Desde o início da trama, o jovem Jamie, de apenas 13 anos, é apontado como o principal suspeito pela morte de Katie, colega de escola. No desfecho da série, as suspeitas se confirmam: Jamie aparece em imagens de segurança no estacionamento no momento do crime e confessa ser o autor do assassinato. No entanto, a ausência da arma do crime levanta discussões sobre a condução da investigação.
Mais do que buscar um desfecho criminal, o roteiro se dedica a explorar as camadas sociais e emocionais ao redor do caso, destacando como pais, amigos, vizinhos e o ambiente digital contribuem para a formação de jovens envolvidos em tragédias como essa.
Reflexão sobre culpa e responsabilidade
No episódio final, o foco recai sobre os pais de Jamie, especialmente Eddie (vivido por Graham), que enfrenta as consequências públicas do crime: o furgão do trabalho é vandalizado, e adolescentes perseguem a família. Dentro de uma loja de conveniência, Eddie presencia um jovem culpando a vítima — Katie — e alegando que não há provas suficientes para condenar Jamie, um reflexo direto da cultura de desinformação e revisionismo que se espalha por fóruns e redes.
Mais tarde, em uma conversa íntima no quarto, Eddie e Manda, mãe de Jamie, encaram com pesar a possibilidade de que foram negligentes em aspectos fundamentais da criação do filho, especialmente quanto ao uso da internet e às influências externas. "Apesar de não ser uma questão simples", a série sugere que o lar — ou a falta de presença dentro dele — tem um papel crucial na formação ética dos jovens.
Inovação técnica a serviço da narrativa
Cada episódio de Adolescência é construído como um plano-sequência autêntico, sem cortes ou edições disfarçadas. Essa escolha da direção reforça a tensão constante dos acontecimentos, colocando o espectador no centro da cena, como se acompanhasse os eventos em tempo real.
Vai ter continuação?
Stephen Graham descartou a ideia de explorar o passado dos personagens em um prelúdio, mas não fechou as portas para futuras narrativas ambientadas no mesmo universo. "Há a possibilidade de desenvolvermos uma nova história", afirmou o ator e criador da série.
Adolescência não oferece respostas fáceis — e talvez esse seja seu maior mérito. Ao final da jornada, a série deixa a reflexão no ar: até que ponto uma sociedade pode ignorar seus próprios sinais de alerta antes que seja tarde demais?
Com informações: Omelete
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