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Foto do escritorMateus Pitela

Obra prima de Quentin Tarantino estreia na Netflix

‘Era uma vez em... Hollywood’ foi adicionada recentemente ao catálogo da plataforma. Nono filme da cineasta é uma declaração de amor ao cinema e a Hollywood

Obra prima de Quentin Tarantino estreia na Netflix. Foto: Divulgação

Se em todo filme de Quentin Tarantino a obsessão pelo cinema foi uma constante, em Era Uma Vez em... Hollywood essa é a premissa. Uma declaração de amor pela Sétima Arte escancarada desde o primeiro segundo de exibição.


Ironicamente, o período escolhido para situar essa empreitada pela metalinguagem — exercício cinematográfico em que Tarantino deliberadamente se une a nomes como François Truffaut e Federico Fellini, para citar apenas alguns — é o da quebra da idealização hollywoodiana. Enquanto conta a história do ator frustrado Rick Dalton (Leonardo DiCaprio) e do seu fiel dublê Cliff Booth (Brad Pitt), o diretor usa de fundo a expectativa pelos trágicos eventos do verão de 1969, quando a Família Manson proclamou o fim do movimento “paz e amor” com uma série de assassinatos pela cidade de Los Angeles.


Da justaposição da fantasia vendida pelo cinema e das falhas humanas frequentemente omitidas pelas películas, ‘Era Uma Vez em... Hollywood’ vai elaborando a sua narrativa, mais interessada em refletir sobre alguns momentos do que em calcular espaços e reviravoltas para a conclusão de um grande quebra-cabeça. Transformando assim a o filme em um dos mais profundos do renomado cineasta, com cada um dos personagens principais existindo além da exibição, ainda fiéis ao espírito exagerado do cineasta, mas com uma melancolia inesperada e bem-vinda.

Os Protagonistas

Sim, Tarantino trabalha com dois protagonistas em seu nono filme. Tanto Dalton, quanto Booth têm praticamente o mesmo tempo em tela e DiCaprio e Pitt são um show a parte, apresentando atuações próximas as suas melhores, tanto que ambos foram indicados ao Oscar de 2020. Enquanto com Dalton, Tarantino busca mostrar o galã dos faroestes e filmes de ação, tão comuns na época em que o filme se passa, Tarantino ao mesmo tempo apresenta o contraste entre o velho ideal masculino e as dores de um artista sensível e inseguro. Já Booth serve para analisar outro tipo de negação hollywoodiana. Bonito demais para ser dublê, talentoso o suficiente para encarar lendas sem piscar, ele aparenta ser o cara mais fiel e legal do mundo, e Tarantino ainda adiciona a esse personagem um passado sombrio.


O Mestre

Era Uma Vez em... Hollywood é, enfim, muito mais do que a constatação máxima do amor de Quentin Tarantino pela indústria cinematográfica. O diretor mantém intacta sua capacidade de entreter e de criar personagens memoráveis. Tarantino dessa vez usa o cinema para fazer cinema.


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