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Muito mais que areia!

Confira a Crônica da semana da Academia de Letras dos Campos Gerais: "Muito mais que areia!"


Vila Velha, Mariquinha, Cânion do São Jorge, Cânion do Guartelá, Buraco do Padre, sem mencionar ainda a imensa variedade de temas que os Campos Gerais e a Escarpa Devoniana nos presenteiam.


Poderíamos passar mais de horas elencando estas belezas que nos são próximas e que nos permitem uma deliciosa contemplação, interação e convivência. Mas, além das questões meramente paisagísticas, a Escarpa Devoniana nos transmite muito mais riquezas.


Ao pesquisar no “Dr. Google” sobre a Escarpa, choquei-me ao ler que a “Escarpa Devoniana são nada mais que montanhas de arenito. A partir de processos industriais, pode se transformar essa rocha em areia de boa qualidade.” Não tenho a mínima ideia de quem escreveu este texto, que por si só não mente, porém, além de não refletir minimamente a maravilha que é a Escarpa, gera uma sensação de desprezo e desapreço a esta maravilha.


São cerca de 400 milhões de anos de história impressos no arenito, ainda nem viramos a primeira página. Produção de água de qualidade ímpar, além de nos permitir áreas de produção agrícola férteis e uma interação com a Floresta de Araucárias, um bioma inigualável e importantíssimo para nossa região.


Toda a vegetação característica dos Campos Gerais, que também nos identifica perante o mundo, além dos aspectos geográficos e a riqueza, justamente são oriundos do Período Devoniano, onde um raso e imenso oceano tomava conta de nossa região. Depositou não somente areia, mas nutrientes, criou reservas de calcário, e dá origem a um aquífero que nos abastece e presenteia o Paraná com um de seus maiores e mais lindos cursos de água, o Rio Tibagi.


Somos o maior produtor de feijão do planeta, um dos maiores produtores de soja e milho do país, além da bacia leiteira e produção de carne suína. Os Campos Gerais e a Escarpa Devoniana são inseparáveis e, caso este casamento seja rompido, perderemos nosso futuro.


A vento, as águas, o transporte desta areia, que, ao longo destes quase 400 milhões de anos, moldaram nossa Escarpa Devoniana e hoje estão sob a égide de uma APA (Área de Proteção Ambiental). Precisamos de que os estudos sejam muito mais aprofundados, a preservação muito mais séria, para que sua importância seja visualizada além das “montanhas de areia”.


A Escarpa Devoniana merece também muita poesia e muita literatura, muitos contos e muitas crônicas, cultura que cimenta a paisagem e sua importância para a existência humana.


Texto de autoria de Mário Francisco Oberst Pavelec, técnico em agropecuária, residente em Ponta Grossa, escrito no âmbito do projeto Crônicas dos Campos Gerais da Academia de Letras dos Campos Gerais

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