Combinando elementos da pintura com a arte contemporânea, a mostra explora a relação entre a matéria física e a subjetividade da memória
A Academia Alfredo Andersen, anexo do Museu Casa Alfredo Andersen, promove na próxima terça-feira (21), às 15h, a abertura de "Matéria e Memória", exposição individual de Daniela Marton, com curadoria do artista e professor Lavalle.
A mostra apresenta um diálogo único entre duas forças essenciais na arte: o material e o imaterial. Combinando elementos da pintura com a arte contemporânea, a exposição explora a relação entre a matéria física e a subjetividade da memória.
O trabalho é fruto do mestrado de Daniela, um mergulho no seu interesse na materialidade e na gestualidade dos materiais. A artista faz um processo de garimpo de referências, iniciando com uma coletânea de imagens, ornamentos e referências arquitetônicas, como os cobogós do arquiteto paulista Artacho Jurado.
O apelo tátil se torna presente em toda a exposição. Misturas de tinta acrílica com materiais pesados como o pó de argila formam camadas grossas, que misturadas ao stencil com a padronização e repetição de formatos, tendem à abstração.
À frente da curadoria, Lavalle garante uma produção consistente, poética e pessoal em "Matéria e Memória", na qual “os detalhes em relevo, a densidade e as camadas das obras criam um mimetismo no espaço através de elementos visuais que se assemelham propositadamente. As pinturas são uma forma de atualização das minhas memórias do passado no presente. Essas memórias acabam se desfazendo, e aí entra a matéria, como um elemento de fragmentação da lembrança”, comenta Daniela sobre experimentação e criação de composições sugestivas às suas histórias e experiências pessoais.
Um exemplo disso é a história de "Ilusão" (2020), que evoca a vivência de Daniela no isolamento social na pandemia, quando morava em São Paulo, longe da família, e o seu principal contato com o mundo externo eram as janelas de seu apartamento. Retratando essa memória, a obra repete o formato ornamental da janela, em cores e texturas que representam sua apreensão pelo futuro.
Além das texturas e padronizações, a escolha das cores também chama atenção por estarem relacionadas a contextos particulares de sofrimento em razão de uma doença crônica articular. “Quando eu estava sentindo muita dor, usava cores mais pesadas, lembro de usar um vermelho bem vivo. Já o azul, por exemplo, revela meus momentos de introspecção”, lembra.
De qualidade evocativa, as obras convidam visitantes a explorarem a interconexão entre a experiência física e a memória subjetiva, e a meditarem sobre as dores nos estados passado, presente e futuro.
Artista
A ítalo-brasileira Daniela Marton é artista visual e arquiteta. Interessada no campo artístico desde a infância, hoje é professora de artes para crianças, atuando no Colégio Bom Jesus, Colégio Estadual Heráclito Fontoura e também em meio particular.
Serviço:
Exposição “Matéria e Memória”, no Museu Casa Alfredo Andersen
Abertura: 21 de março às 15 horas.
Datas e Horários: de terça a domingo, das 10h às 17h, até 17 de maio de 2023.
Local: Rua Mateus Leme, 336. Curitiba.
Entrada: Gratuita.
Por AEN
Comments