Museu Paranaense traz a pesquisadora francesa Laure Emperaire e o farinheiro caiçara Angelico Hermes Cogrossi para conversarem lado a lado sobre a importância ambiental e social dessa raiz tão importante na cultura alimentar brasileira
Raiz fundamental na ocupação e disseminação dos povos tradicionais, a mandioca concentra um universo de sociabilidades com os sujeitos que interagem com ela, desde seu processo de domesticação, plantio, consumo até os laços de afetividade que são manifestados nas memórias individuais e coletivas. Por tão grande importância, o Museu Paranaense promove nesta quinta-feira (28) a roda de conversa “Mandioca: agrobiodiversidade na Amazônia e vivências caiçaras”.
Para debater sobre a mandioca e seus assuntos adjacentes, a roda contará com duas relevantes presenças: a pesquisadora botânica francesa Laure Emperaire e o farinheiro caiçara Angelico Hermes Cogrossi.
Laure Emperaire deve refletir com o público sobre como produzir e conservar a diversidade biológica essencial para a existência da humanidade, a das plantas cultivadas. Para a pesquisadora, são múltiplos os vínculos que unem as sociedades ao universo vegetal. Seguindo as culturas de mandiocas do Rio Negro, na Amazônia, ela promoverá discussões sobre as condições de valorização dessa diversidade.
Ao lado da pesquisadora francesa, será possível ouvir os relatos da experiência de Angelico Hermes Cogrossi, caiçara de 72 anos do município de Guaraqueçaba, no Litoral do Paraná. Gelico, como é conhecido, vai falar sobre sua atuação como farinheiro desde os 12 anos de idade, revelando saberes tradicionais relacionados ao manejo e manufatura da mandioca – conhecimento que é transmitido de geração em geração.
Todos os participantes da roda de conversa receberão uma porção da farinha de mandioca Recanto, produzida artesanalmente por Gelico e sua família. O evento integra o programa público “Se enfiasse os pés na terra: relações entre humanos e plantas” e o abril indígena do Mupa. A programação completa pode ser conferida no site do museu.
Convidados
Laure Emperaire é botânica e suas pesquisas têm como foco as relações plantas-sociedades. Trabalhou inicialmente sobre as caatingas do Piauí. Posteriormente, no âmbito de projetos interdisciplinares realizados na Amazônia, a pesquisa se orientou para o extrativismo, atividade inseparável, nos casos estudados, de atividades agrícolas.
Nos últimos 15 anos vem trabalhando sobre o manejo da agrobiodiversidade, principalmente no contexto indígena do Rio Negro. Os trabalhos da equipe e das associações indígenas locais levaram ao reconhecimento do sistema agrícola do Rio Negro como patrimônio imaterial da nação. Ela é integrante do laboratório Patrimônios Locais, Meio Ambiente e Globalização (UMR PALOC – IRD/MNHN, Paris) e pesquisadora do Instituto de Pesquisas para o Desenvolvimento (IRD-França).
Angelino Hermes Cogrossi (Gelico) é farinheiro da Potinga, no município de Guaraqueçaba. Conhecedor do plantio de mandioca e produção de farinha, herdou da família os conhecimentos e memórias coletivas. Além de movimentar o comércio com farinha de mandioca, a atividade proporciona a manutenção e perpetuação de saberes tradicionais.
Serviço:
Roda de conversa “Mandioca: agrobiodiversidade na Amazônia e vivências caiçaras”
Data: quinta-feira, 28 de abril
Horário: 19 horas
Local: Museu Paranaense - Rua Kellers, 289, Alto São Francisco - Curitiba
Por AEN
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