A ação acontecerá no evento PG Memória, organizado pela Fundação Municipal de Cultura
A Princesa dos Campos é a protagonista das crônicas de Vieira Filho e Vieira Neto por quase 70 anos na coluna Perfis da Cidade, veiculada em rádios e jornais ponta-grossenses. Os acontecimentos das ruas e esquinas da cidade, as mudanças na paisagem, as peculiaridades do município e os personagens - por vezes anônimos - que foram descritos primeiramente por Guaracy Paraná Vieira (Vieira Filho), dos anos 1950 a 1990, continuam sendo registrados por Flávio Madalosso Vieira (Vieira Neto), que prosseguiu alimentando a coluna com seus textos.
Para celebrar e dar conhecimento desta extensa produção literária, os escritores Renata Regis Florisbelo e Flávio Madalosso Vieira (Vieira Neto) irão distribuir flyers literários com crônicas de Vieira Neto durante o evento PG Memória, promovido pela Fundação Municipal de Cultura, que acontece entre os dias 22 e 24 de outubro na Praça Barão do Rio Branco. Na sexta-feira, 22, às 18h30, acontecerá o lançamento da ação, que inicia o projeto Perfis da Cidade - a saga com Vieira Neto, aprovado pelo Programa Municipal de Incentivo Fiscal à Cultura (PROMIFIC), com patrocínio das Lojas MM Mercadomóveis e do Sicredi.
Em cada dia do evento será distribuída uma crônica diferente. A ideia é que os flyers sejam colecionados. Ao todo são 10 crônicas que formam a coleção, sendo que três delas serão distribuídas nos dias do evento PG Memória. As outras serão compartilhadas com o público em eventos culturais que acontecerão até o final deste ano, quando será lançado o livro “Perfis da cidade - a saga de Vieira Neto”, pela Editora ABC Projetos. O livro contém 144 crônicas, incluindo as que aparecem nos flyers literários.
“Os flyers promovem uma experiência pré-lançamento do livro, como uma espécie de aperitivo antes da obra completa vir a público”, revela Renata Regis Florisbelo, organizadora da obra . A diretora da ABC Projetos, Alessandra Bucholdz, considera que os flyers fazem com que os textos circulem tornando-se acessível a um grande público. “É uma forma de darmos asas aos textos, fazendo com que continuem voando cada vez mais”, afirma.
Alguns textos vêm acompanhados de QR codes onde é possível ouvir a crônica narrada pelo radialista da época em que ela foi veiculada nas rádios da cidade. “O papel às vezes é muito frio, depende muito dos olhos, da emoção, do leitor. Tendo uma leitura gravada, entra uma outra forma de comunicação: aquela em que o narrador coloca a emoção dele, a vivência dele… Tudo isso traz uma outra qualidade de recepção deste conteúdo por parte do leitor”, considera Florisbelo. Tanto o livro quanto os flyers têm QR codes que redirecionam o leitor aos áudios das rádios.
Sobre seu processo de escrita, Vieira Neto declara que “as crônicas na verdade são de quem quiser lê-las ou ouvi-las”, que ele apenas as escreve, não sendo o verdadeiro dono delas. Então para ele, os flyers vão cumprir bem a função de levar ao público o que lhe pertence. Do mesmo modo, ele considera que o livro ao chegar às escolas e bibliotecas também será entregue a seus “verdadeiros donos”. Para o autor, ter uma obra que reúne alguns de seus mais de nove mil textos é como um sonho realizado. Algumas vezes eu imaginei publicar as crônicas, mas nunca levei adiante, nunca tive incentivo", conta. “Mas quando eu vi o interesse da Renata, auxiliado pela Alessandra [responsável pela editora da obra], eu comecei a me entusiasmar. E quando eu vi o projeto aprovado, então, foi como um sonho realizado”, completa.
Sobre Perfis da Cidade
Perfis da Cidade surgiu da necessidade de um texto de abertura do Grande Jornal Falado HM, da Rádio Clube Pontagrossense, na década de 50. Dia 23 de março de 1952, o jornalista Guaracy Paraná Vieira, por solicitação do diretor da rádio, Manoel Machuca, redigiu um texto literário que foi intitulado Perfis da Cidade e, com auxílio dos amigos Mílton Xavier e Viviane Durski, encontrou na discoteca da rádio a música Folhas Mortas, que foi adotada como prefixo e identificador do texto durante a sua permanência nos microfones.
A partir de então, Guaracy Paraná Vieira começava a escrever suas crônicas que por décadas foram lidas, diariamente, em rádios da cidade e, posteriormente, publicados em jornal diário. Vieira Filho, como ficou conhecido o Guaracy, produziu mais de 16 mil crônicas durante 40 anos. Um extrato deste trabalho foi publicado através do livro “Perfis da cidade - Crônicas de Vieira Filho”, pela Editora da Universidade Estadual de Ponta Grossa, em 1993.
Com o falecimento do Guaracy houve uma lacuna na nutrição cultural oferecida à população ávida pelos instantes de cultivo do salutar olhar para a cidade. Neste momento surge a oportunidade de continuidade do belo trabalho por meio do autor Flávio Madalosso Vieira, filho do Guaracy, que assumiu com maestria a nobre tarefa, passando a escrever as crônicas do programa Perfis da cidade com o pseudônimo de Vieira Neto.
Nélson Lopes e Bernardino Barbosa, âncora e diretor, respectivamente, da Rádio Clube Pontagrossense, em 1992, decidiram resgatar a crônica Perfis da Cidade, com o mesmo título, com a mesma música e, se possível, com o mesmo estilo. Então, procuraram a família de Guaracy e propuseram o resgate daquele marco da radiofonia princesina, sendo que um dos cinco filhos do Vieira Filho deveria se responsabilizar pela tarefa. O encargo ficou para Flávio.
Adotando o pseudônimo de Vieira Neto, estreou no rádio em 26 de junho de 1992, escrevendo, a princípio às segundas, quartas e sextas-feiras e, depois, diariamente, tendo, também seus textos em outros espaços da imprensa. Atualmente, em quase 30 anos de escrita, Vieira Neto tem cerca de 9.500 crônicas escritas e divulgadas.
Perfis da Cidade de Vieira Neto, desde a estreia, passou por 4 rádios, 4 jornais e 1 canal de TV. Atualmente, pode ser ouvida às 10h de todos aos sábados na rádio MZ FM e também pode ser lida nas redes sociais.
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