top of page
Foto do escritorRedação

Como o Caic-UEPG se tornou a primeira escola universitária

Criado para ser um espaço de ensino e de formação em atividades multiprofissionais, o Caic foi o primeiro colégio ligado a uma Instituição de Ensino Superior do Paraná

Criado para ser um espaço de ensino e de formação em atividades multiprofissionais, o Caic foi o primeiro colégio ligado a uma Instituição de Ensino Superior do Paraná. Foto: Fabio Ansolin/UEPG.

São 15h30 da tarde e uma chuva fina cai no pátio de recreação. Quando o sinal toca, o monitor do 4º ano chama todos para a sala. “Fim do recreio, pessoal”, grita. As crianças correm subir as escadas, afinal, o segundo período de aulas está para começar. O Centro de Atenção Integral à Criança e ao Adolescente (Caic), órgão suplementar da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), pode contar com cenas como essa há, pelo menos, 28 anos.


A instituição atua no ensino do 1º ao 8º ano e agrega serviços multiprofissionais, como odontologia, serviço social, medicina, enfermagem e pedagogia. Tudo para fazer jus ao seu nome – um centro de atenção integral. Criado para ser um espaço de ensino e de formação em atividades multiprofissionais, o Caic foi o primeiro colégio ligado a uma Instituição de Ensino Superior do Paraná.


A cabeça de Lucília estava a mil. Era 1977 e o Departamento de Métodos e Técnicas (Demet) propôs um grupo de trabalho para a criação de uma escola na UEPG. Na época, a ideia era inovadora, pois ainda não existia um colégio ligado a uma instituição de ensino público superior no Paraná. Após anos de planejamento de um espaço que unisse o ensino a atividades multiprofissionais, em 1993 nasceu o Centro de Atenção Integral a Criança e ao Adolescente, tornando Lucília Ester Tramontin a primeira diretora do Colégio.


Em 1977, antes do Caic de fato existir, a ideia era criar um espaço que pudesse servir como campo de estágio para os cursos de licenciaturas. “Começamos a perceber que, a cada reunião, propostas eram apresentadas e discutidas, aceitas e depois desfeitas”, explica Lucília. Um espaço da mesma natureza já existiu na década de 60, mas de forma privada, onde alguns professores do Demet haviam trabalhado.


Ao saber que um grupo de trabalho para criação de uma escola para a UEPG estava sendo formado, Lucília colocou, de imediato, seu nome para fazer parte dele. “Nos reuníamos, sempre que possível, em nossas casas ou em alguma sala de aula livre, aos finais de semana ou sempre que alguns membros da equipe tivessem algum horário disponível”, relembra.

Mas a realização do projeto só se concretizou 10 anos depois, quando o então reitor da UEPG, professor João Lubczyk, instituiu a Portaria nº 246/87, que solicitava o plano de Escola Experimental de 1º e 2º grau. Lucília lembra como se fosse ontem daquele dia: “a professora Maria Helena entrou na sala e disse “Parem tudo! Nada disso que estamos fazendo é o que realmente queremos! Queremos um espaço de aprendizagem onde a criança sinta prazer em aprender”, remonta.


A partir daquele momento, o grupo recomeçou o trabalho pensando em montar muito mais do que uma escola. O espaço físico já havia sido designado pela Reitoria – seria no Campus de Uvaranas, em uma área de 5.698 m². O projeto de construção seria desenvolvido pelo Departamento de Engenharia da UEPG. Em 1991, o grupo apresentou o projeto educacional à Secretaria de Educação do Paraná e a resposta positiva chegou. Com o projeto pedagógico pronto, faltava a finalização do prédio físico. Como sempre andava com uma cópia do projeto de implantação em mãos, Lucília o entregou a João Carlos Gomes, que assumiu a Reitoria da UEPG em 1991. “Ele havia lido em muito pouco tempo e se comprometeu em concretizá-lo. E assim o fez”, completa. Em 05 de janeiro de 1993, o Colégio estava pronto.


Memórias

Neste ano, entra mais um personagem desta história – Audrey Pietrobelli de Souza, atual diretora geral do Caic. Mas na época ela era pedagoga da instituição. Em 1994, Audrey fez concurso para ser docente da Universidade. Pela incompatibilidade de horários, a atual diretora pediu afastamento das atividades de pedagoga do Caic. “Mas sempre mantive um contato com a escola, acompanhava tudo”, conta. A saudade bateu mais forte e Audrey voltou para o Caic em 2006, desta vez como diretora geral. Após uma pequena pausa de quatro anos, ela retorna para o mesmo posto em 2018, onde permanece até hoje.


O que está marcado na memória de Audrey? “Sem dúvida o evento de inauguração do Caic e o início oficial das atividades. Lembro da gente levando as carteiras para o segundo pavimento, retirávamos o papel bolha que cobria e sentíamos o cheirinho de novo. É um momento muito especial que guardo no coração”, recorda. Para ela, foi marcante ver toda a equipe trabalhando de forma coletiva na montagem das salas. “Montamos e organizamos todos os espaços. Foi um momento emblemático para todos nós acompanhar o processo da instalação dos maquinários”. A cada dia, a equipe conquistava novos equipamentos para a melhora do espaço. “Isso nos animava muito a atuar em uma escola de tempo integral, que era um projeto até então novo”. O Caic foi uma das escolas precursoras do Estado na política educacional de tempo integral. “Então, além de ser pioneiro como escola universitária, o Caic também foi o modelo de escola de tempo integral”, ressalta a diretora.


Ana Claudia Chibinski atua no Caic desde que a história da instituição começou, logo depois de sua formatura como dentista. “Lembro de ter aberto as caixas com o equipo odontológico, com os materiais para enfermagem. Montamos o consultório e o ambulatório do zero”, recorda. Aos poucos, a escola organizou o serviço de odontologia e a equipe conseguiu os materiais necessários para o atendimento. “Por estar numa escola universitária, que estimula o crescimento profissional dos seus funcionários, pude fazer meu mestrado e doutorado”. Ana ressalta que o Caic sempre lhe deu apoio e direções para crescer profissionalmente. “Vejo atualmente a equipe do Caic como um grupo unido, que gosta de seu trabalho e procura fazer o melhor pelos alunos”.


Livro

O resultado de quase 30 anos de existência do Caic está documentado no livro “A Reconstrução Histórica do Centro de Atenção Integral a Criança e ao Adolescente”, escrita por Rosiane Silva e Maria Isabel Nascimento, ambas professoras e servidoras da UEPG que viram a construção de um Colégio referência no ensino e pesquisa.


Um campo de pesquisa e conhecimento. É assim que Rosiane define o Caic. Estudar sobre instituições escolares do Paraná levou Rosiane a realizar a fundo o resgate histórico do Colégio. “Como pesquisadora, pedagoga e funcionária da UEPG, sempre achei muito a interessante a história da instituição, sempre ouvia falar sobre todo o trabalho do centro educacional que antecedeu a organização do Caic”, explica.


Rosiane está no Caic desde 1993. “Essa escola representa para mim todo o processo de formação profissional. Eu iniciei no Caic, fiz mestrado, doutorado e pós-doutorado. É onde eu cresci, amadureci e sou a profissional que sou hoje”, destaca. O Colégio é o local onde ela estabelece a relação com a própria história. “Meu filho estudou na instituição, então eu digo que o Caic e a Universidade são a minha segunda casa, é a minha relação de compromisso de seriedade, mas também de muito afeto e gratidão”.


Para Maria Isabel Nascimento, uma das principais características do Caic é a abertura para que alunos de graduação e pós- graduação se aproximem do ensino fundamental. “Tudo ali acontece dentro de um equilíbrio entre os alunos do ensino fundamental, alunos da graduação e os pesquisadores, que se encantam com a dinâmica do Caic”, frisa. Para Maria, revisitar a história de atividades realizadas no Colégio foi como lapidar um diamante. “São histórias que se complementam para a formação dos que buscam a compreensão da formação histórica da educação brasileira”.


A obra remonta atividades registradas nas atas de reunião do Caic, livros da vida, fotos antigas trazidas por ex-alunos, além de histórias contadas por professores e alunos. “Sem dúvidas, o trabalho do Caic acompanha a Universidade dentro de um espaço de pesquisa, ensino e extensão”, finaliza Maria. O livro está disponível para download gratuito no link.


Da Assessoria

Comments


bottom of page